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Tecnologia faz a diferença na comercialização da safra

16 de março de 2018

Graças à Internet das Coisas (IoT) o agronegócio está cada vez mais conectado e a tomada de decisão por parte dos produtores está mais rápida e eficiente. Especialistas revelam que a digitalização das fazendas gera aproximadamente 10% de ganhos de produtividade, agiliza a comercialização e reduz custos de insumos

Aplicativos são uma ferramenta cada vez mais usada no agronegócio, lançando desafios que atendam às necessidades do produtor brasileiro e o impacto na produtividade nacional.

De acordo com o presidente da Abinc (Associação Brasileira de Internet das Coisas) e CEO da AgrusData, Herlon Oliveira, o processo de digitalização de uma fazenda envolve instalação de sensores para coleta de dados no solo, maquinários e silos, por exemplo. As informações são transferidas para um banco de dados em nuvem, processadas e transformadas em recomendações específicas para o agricultor ou gestor daquela fazenda.

Todas as informações necessárias sobre clima, plantas, solo e capacidade de armazenagem, por exemplo, são apresentadas um uma única tela. Assim, o agricultor sabe quanto insumo deve aplicar, em qual horário e em qual talhão; se deve acelerar ou parar a colheita; se deve ligar ou desligar o sistema de irrigação; se o silo está cheio ou, ainda, se precisa reorganizar o fluxo de caminhões para retirada da safra.

Oliveira comenta que o retorno do investimento pode variar de acordo com o tamanho da fazenda. Em propriedades de grande porte, aquelas com mais de 10 mil hectares, esse retorno pode acontecer em até 12 meses. Já para pequenas e médias propriedades o retorno pode levar até 36 meses. “No caso dos pequenos produtores, eles podem contratar em grupo a infraestrutura de digitalização”, sugere o presidente da Abinc.

Vantagens

Além das vantagens de ganho de produtividade e redução de custos, como aumento da eficiência operacional, uma fazenda digital passa a valer mais, afinal oferece controle e organização completo das etapas de produção. De acordo com análise da AgrusData, o ganho de patrimônio em uma fazenda com digitalização pode chegar a 3% em um período de 36 meses.

Comercialização

O Brasil está passando por uma nova revolução industrial, a 4ª revolução industrial, em que a matéria-prima não é mais o petróleo e sim os “dados” e a “informação”.

Nesta nova era, em que o produtor tem que produzir mais com menos expansão de área, isto é, aumentar a produtividade no mesmo espaço, é fundamental a inserção de práticas sustentáveis e novas tecnologias.

Segundo a pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária, Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, os aplicativos acessados via smartphone com conexão à internet podem servir como uma ferramenta que possibilita ao produtor agregar mais valor em todo seu processo produtivo. “Ele pode usar ferramentas de apoio ao planejamento e ao monitoramento agrícola, desde o plantio até a colheita, armazenamento e distribuição. O dado e a informação podem ajudar na tomada de decisão do produtor rural em todas as etapas do processo produtivo”, considera.

Ferramentas de negociação

Existem várias ferramentas para apoiar extensionistas, consultores e técnicos em geral, além de estudantes e produtores rurais tanto na área animal quanto vegetal. Na área vegetal, desde softwares para auxiliar a previsão do tempo, seleção de cultivares, ferramentas para indicar a melhor época de plantio, de pulverização, que auxilia na classificação de solos, na adubação, no diagnóstico e alerta de doenças e pragas, entre outros.

“Na área animal, temos softwares que podem ajudar o produtor rural na tomada de decisão da nutrição de bovinos e no controle reprodutivo de bovinos de corte e de leite. Existem também aplicativos que ajudam a determinar o nível de conforto térmico ambiental das aves e suínos. Há ferramentas para auxiliar o produtor integrado e a assistência técnica a organizar as informações necessárias para estimar o custo de produção e obter relatórios úteis para a gestão da propriedade. Há, ainda, software para análise da dinâmica do uso e cobertura da terra e outras ferramentas de geoprocessamento”, detalha Silvia Fonseca.

Existem, também, muitos aplicativos que facilitam a comercialização de produtos pelos produtores e pecuaristas. Além de aplicativos e softwares, hoje, redes sociais e aplicativos de troca de mensagens são muito utilizadas pelos produtores. Eles participam de vários grupos para troca de informação e experiência.

Realidade brasileira

Existe um estudo do Comitê Gestor da Internet que mostra que de 2008 a 2014 houve um crescimento de 4% para 24% no acesso à internet via smartphone na área rural. Houve também uma explosão de agtechs, isto é, startups que estão desenvolvendo tecnologias para o agronegócio.

Nestas pesquisas fica claro que no centro-sul do País esta tendência já é uma realidade, embora ainda tenha um potencial de mercado muito grande. No norte e nordeste do País, onde muitas vezes o smartphone ainda não é uma realidade, os produtores também utilizam os celulares mais simples para comunicação e troca de experiências. Muitas vezes, trocam informação com a assistência técnica utilizando mensagens por SMS.

“Estas ferramentas são simples e de fácil acesso pelos corretores, cooperativas ou produtores. Desta forma, eles ganham agilidade na comunicação e na troca de informação, o que fez com que essas ferramentas ganhassem a confiança deste público”, avalia a chefe-geral da Embrapa Informática.

Existem vários aplicativos para auxiliar o agricultor e o pecuarista a ofertarem seus produtos ao mercado, garantindo agilidade na negociação para encontrar determinado produto, melhorar o planejamento de compras e a logística. Entretanto, ainda é um mercado em expansão.

 

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