Brasília/DF – “Os produtores catarinenses de alho estão na UTI e vão morrer se não houver intervenção do governo”, disparou o presidente da ANAPA, Rafael Jorge Corsino, em reunião com a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tereza Cristina e o senador Jorginho Melo. A audiência contou também com a participação do secretário de agricultura do município de Frei Rogério (SC), Itamir Gasparini, e o presidente da COPAR, Silvio Novacoski.

Segundo dados da prefeitura de Frei Rogério, 80% da receita do município é proveniente da cultura do alho, que desde a última safra vem enfrentando dificuldades por conta da concorrência desleal com o produto importado, entraves na comercialização e, este ano, problemas climáticos.

O secretário de agricultura pediu apoio da Ministra para a ampliação do prazo de pagamento para renegociação de dívidas e financiamentos, bem como a autorização de novo crédito para os produtores rurais.

O presidente da COPAR frisou que os impostos que a União não está recolhendo por conta das concessões indevidas de liminares judiciais, que autorizam a importação do alho sem o pagamento da alíquota antidumping, só tem agravado a crise para os agricultores catarinenses. “Os magistrados deveriam conhecer a realidade do campo. Nós não sabemos mais o que fazer. Atualmente, o produtor de alho não tem como honrar os compromissos financeiros, muito menos planejar a próxima safra”, informou Novacoski.

Crise também afeta produtores gaúchos

“É triste dizer que estou pensando em parar com a produção de alho, até porque faço isso há 22 anos”, disse o produtor gaúcho Rudinei Antônio Giotto.

Assim como os agricultores catarinenses, produtores de alho do Estado do Rio Grande do Sul também enfrentam dificuldades na comercialização do produto, em função dos baixos preços, além da ineficácia da aplicação da tarifa antidumping, por conta das liminares judiciais, e a incerteza jurídica quanto à renovação do direito antidumping.

O que diz o MAPA

A Ministra Tereza Cristina repudiou a prática das liminares, que afastam a taxa antidumping do alho importado da China. Sobre o endividamento rural, Tereza Cristina afirmou que vai, no âmbito do Ministério, buscar soluções para a renegociação das dívidas e crédito para os produtores de alho, junto ao Banco do Brasil.