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Produção de alho deve crescer 10% em 2017

05 de outubro de 2017

Produtores brasileiros enfrentam forte concorrência do produto chinês e preços praticados estão abaixo do custo no País; irregularidades na importação preocupam lideranças do setor

A produção brasileira de alho para consumo in natura deve atingir 14 milhões de caixas de dez quilos neste ano, ante 12,7 milhões de caixas no ano passado. O crescimento de 10,2% foi motivado pelos bons preços obtidos em 2016, quando a safra chinesa recuou.

Esse incremento deveria ser uma boa notícia em um País que demanda 30 milhões de caixas de alho por ano. Contudo, o cenário que os produtores encontraram na colheita é distinto daquele em que os produtores tomaram a decisão de ampliar a área cultivada em 10%, para 12 mil hectares.

“Assim como o Brasil, os principais produtores do mundo – China, Argentina e Espanha- ampliaram suas áreas para este ano, o que fez com que os preços recuassem, favorecendo a importação”, afirma o presidente da Associação Nacional de Produtores de Alho (Anapa), Rafael Jorge Corsino.

Conforme o consultor da Anapa, Marco Antônio Lucini, há um ano o valor pago pelo quilo era de R$ 8, ou R$ 80 a caixa do alho tipo 4 (o menor). Hoje, o valor pago ao produtor é de R$ 6,50 ou R$ 65 a caixa, considerando a mesma referência. Já o custo de produção é de R$ 75. “O preços devem se manter estáveis até março, quando surgem as primeiras informações sobre a safra da China”, afirma Lucini.

O Brasil importa 55% do alho que consome e deve trazer de fora 16 milhões de caixas neste ano, estima Corsini, ante 17,3 milhões no ano passado. Até agosto, 10,2 milhões de caixas foram importadas, sendo 1,8 milhões de caixas apenas em agosto, o maior volume do ano e em plena safra.

“Se considerarmos que há uma tarifa antidumping para o produto chinês, ainda importamos um volume muito grande, o que inibe o crescimento da nossa produção”, destaca. Para o mês de setembro as quantidades importadas devem ser menores que as de agosto, já que a Espanha já negociou a safra, segundo Lucini.

Irregularidades

Além dos preços baixos, Corsino destaca as limitares obtidas por importadores na justiça para não pagar a tarifa anti-dumping de US$ 7,8 cobrada por caixa da China. “Calculo que 40% do alho que entra no Brasil tem algum tipo de irregularidade”, diz.

Além das liminares, ele alerta para a triangulação e para o descaminho, que ocorre quando uma carga tem como destino outro país e é desviada. “Com isso, deixamos de arrecadar milhões e a produção nacional fica estrangulada.”

O Brasil produz alho roxo e se destaca pelo sabor em relação aos concorrentes. “Temos capacidade e ambiente para ampliar a produção de alho nobre”, diz o superintendente de Câmbio do Banco Ourinvest, Ricardo Russo, que tem entre seus clientes empresas do setor. “A produção está crescendo com excelência.”

fonte:http://www.dci.com.br/agronegocios