A Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa) deu início ao calendário de eventos de 2023, com a realização do II Seminário de Alhicultura de Goiás, que reuniu em dois dias de programação (15 e 16 de fevereiro) produtores, pesquisadores, estudantes, empresas parceiras, parlamentares e representantes do governo federal.

“Tivemos um grande exemplo de união da cadeia produtiva e, cada vez mais, precisamos promover essa integração para tornar o setor produtivo forte e buscar soluções para os nossos problemas, como custo de produção, falta de mão de obra e elevada carga tributária”, avaliou o presidente da Anapa, Rafael Corsino. “Somos um corpo só. Não importa se você atua em Goiás, Minas ou Sul, somos produtores de alho brasileiro e temos que estar juntos”, completou.

A proximidade com executivo e o legislativo também foi defendida pelos participantes como algo essencial na elaboração de políticas públicas. “Estamos aqui para trabalhar pelo setor produtivo porque se a roça não acorda, a cidade não come. Então, estou à disposição das demandas do setor e ainda bem que temos pesquisadores e produtores que nos passam informações para que possamos trabalhar pela alhicultura”, afirmou a deputada federal Júlia Zanatta.

O objetivo do seminário foi contribuir para a capacitação dos produtores goianos, além de permitir o contato e a troca de informações com os demais atores da cadeia. Goiás é o segundo maior produtor de alho do Brasil, com uma produtividade em torno de 4 mil hectares, representando em média 21% do total plantado no país. As propriedades empregam em média 64 mil trabalhadores no estado, onde custo de produção está estimado em R$ 200 mil reais por hectare.

“É um custo insustentável para o setor. Por isso, precisamos investir em pesquisas, que podem nos trazer as respostas para os nossos problemas”, destacou Corsino. Esse é um tema que a Anapa já tem investido bastante e que agora em 2023 vai focar ainda mais. Temos em desenvolvimento mais de 30 estudos e o valor investido já ultrapassou um milhão e meio de reais, contanto com recursos da associação e do governo federal. Para este ano, daremos início a outros trabalhos, definido por meio de um edital de seleção de propostas.

O chefe-geral da Embrapa Hortaliças, Warley Nascimento, ressaltou as ações feitas em conjunto com a Anapa, como os trabalhos de alho semente livre de vírus e a revitalização da cultura em estados que já foram produtores, como Paraná e Espírito Santos. “Estamos trabalhando, em parceria com a Anapa, na revitalização da cultura de alho em estados que já foram produtores, oferecendo treinamento e capacitação de agricultores familiares e, consequentemente, contribuindo para o aumento da produção”, destacou. A iniciativa mais recente é o convênio da Embrapa com o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina, que poderá beneficiar os produtores brasileiros.

A busca por inovação, qualidade, produtividade está atrelada a outro desafio dos produtores brasileiros: a concorrência desleal com o chinês e a forte entrada do alho argentino, com preços subfaturados e fora dos padrões exigidos pela legislação. Nesta semana, a equipe Anapa foi recebida pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para tratar dessas questões. “Imagina você ser um produtor de  alho, com custo de produção alto, e ter dois países inundando o mercado e colocando o pressão no mercado? Então, os produtores brasileiros são resilientes e heróis. Isso se dá por meio de uma associação organizada e que batalha para defender a cultura do alho”, pontuou o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart.

Palestras

A programação do evento contou com a participação do professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV, Felippe Serigati, que fez uma apresentação do cenário econômico e para o agro em 2023. O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart, atualizou os participantes sobre a recente lei que definiu os sistemas de autocontrole para o setor. Já professor e pesquisador (Fisiologista de produção) no Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM,. Evandro Fagan, trouxe uma palestra sobre fisiologia da produção de alho.

No evento, a Anapa explicou a estratégia de pesquisa para 2023 em Goiás, com apresentação da nova coordenadora de pesquisas, Patrícia Silva. O evento terminou com uma mesa redonda sobre alho semente: desafios e alternativas, com a participação da analista da Embrapa Lenita Lima Haber, o pesquisador da Epagri Anderson Feltrim, o produtor Waner Barbosa e o consultor Ricardo Tomazi.