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Giro da Debulha leva informação e troca de experiências a produtores de Goiás

23 de março de 2023

O Giro da Debulha de Goiás reuniu 50 participantes, nesta quinta-feira (23), em Cristalina (GO) e movimentou a cultura do alho no estado. O evento foi realizado pela Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa) com o intuito de proporcionar a troca de experiências e informações sobre essa significativa etapa do processo de produção do alho brasileiro, que consiste na separação, classificação e preparação das sementes para o plantio da safra.

Ao dar início à programação, o presidente da Anapa, Rafael Corsino, destacou a importância do diálogo entre os integrantes do setor produtivo para o desenvolvimento da cultura. “Eu acredito que esse é o caminho certo! Para a gente crescer, é preciso trocar ideias, ver coisas diferentes e, assim, melhorar o nosso sistema”, acrescentou.

As atividades do giro ocorreram na Fazenda Matrice e na Wehrmann Agrícola, que abriram as portas para os participantes conhecerem suas instalações e a organização dos trabalhos nos barracões, onde estão instaladas as estruturas de câmara fria e maquinários de debulha e classificação.

“Os participantes puderam comparar os processos da Matrice e da Wehrmann. Foi muito interessante porque as empresas têm máquinas de debulha de marcas diferentes e o pessoal conseguiu ver a diferença entre os fornecedores”, avaliou o gerente de projetos da Wehrmann Agrícola, Waner Barbosa. “Cada empresa tem o seu padrão de classificação. Então, foi um momento de bastante troca de informações. Os giros técnicos são importantes porque gente vê uma forma de trabalho diferente que, às vezes, é possível implantar na nossa propriedade e melhorar a eficiência da nossa produção”, completou.

Além das visitas aos barracões, o evento contou com a palestra do pesquisador Francisco Vilela Resende, da Embrapa Hortaliças, que conversou com os produtores sobre os desafios para a oferta de um alho semente de alta qualidade fisiológica e fitossanitária. Ele explicou como é realizado o processo de produção do alho semente livre de vírus nas instituições de pesquisa: “Essa tecnologia está relacionada ao acúmulo de viroses pela cultura. Hoje, os vírus talvez sejam uma das principais doenças que infectam a cultura. O desafio é que esses patógenos não são eliminados pelo processo comum de aplicação de produtos químicos e defensivos. Então, foi preciso desenvolver uma tecnologia de laboratório para regenerar as plantas in-vitro através da micropropagação. A gente conseguiu obter plantas livres de vírus e, a partir da multiplicação dessas plantas, gerar o alho semente livre de vírus”, detalhou.

A semente livre de vírus é um dos principais insumos da cadeia do alho e trouxe ganhos de produtividade muito grandes para a cultura. No entanto, essa tecnologia, que completou 30 anos em 2022, ainda chega a um custo elevado para o produtor. Estima-se que o alho-semente represente a maior despesa do custo de produção, podendo responder por até 30% dos gastos. Esse é um desafio importante a ser superado, na avaliação do pesquisador.

“A gente tem trabalhado nas pesquisas para tornar mais eficiente e mais barata a obtenção da planta livre de vírus. Então, por meio dos protocolo de laboratório e nos protocolos de multiplicação dessas sementes campo, a gente acredita que vá tornar essa tecnologia mais acessível para o agricultor”, salientou Resende. Além da Embrapa, outras instituições como Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e universidades também estudam o tema.