Apesar de a safra de alho catarinense ter sido uma das melhores dos últimos tempos, os produtores estão preocupados. Com a falta de renovação de incentivos fiscais e importações, o produto tem ficado parado nos barracões, como mostrou a RBS TV.
Benefício não renovado
No final de março, o benefício do desconto de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS), concedido pelo governo estadual desde 2011, venceu. Desde então, o alho de Santa Catarina ficou menos competitivo no mercado e os estoques cheios exemplificam esse resultado negativo.
“Acabou paralisando as vendas. O setor atacadista, na incerteza de a gente não ter essa renovação da redução na base de cálculo, acaba indo no estado do Rio Grande do Sul buscar esse alho, porque lá ainda eles têm essa redução de 90%”, explicou o presidente da Associação Catarinense dos Produtores de Alho (Acapa), Everson Tagliari.
O governo catarinense prometeu renovar o desconto do imposto, mas não deu prazo para isso.
Importação
Outra preocupação do setor é com possíveis mudanças nas regras de importação, principalmente do alho vindo da China. Isso porque atualmente muitos importadores aproveitam brechas na lei para não pagar taxas. Assim, o alho chinês chega ao país muito mais barato, prejudicando a competição com o alimento catarinense.
O preço do alho chinês é menor por causa dos incentivos do governo do país asiático. Para não prejudicar os agricultores brasileiros, uma taxa de importação de quase US$ 8 por caixa tenta equilibrar os preços. Porém, importadores têm conseguido driblar isso com liminares na Justiça.
“Se nós perdemos essa tarifa antidumping, torna inviável a produção de alho para nós”, disse o presidente da Acapa.
O plantio da próxima safra começa ainda neste mês. Por causa dessas incertezas, os produtores catarinenses, que planejavam plantar mais, devem manter ou até diminuir a área de cultivo em relação ao ano passado. “Você plantar para não gerar nada de lucro não adianta”, resumiu o produtor Silvio Novacoski.