A Aplicação de dialil dissulfeto (DADS) pode estimular a germinação de escleródios de Sclerotium cepivorum. É o que garante a dissertação de mestrado intitulada “INDUTORES DE GERMINAÇÃO DE ESCLERÓDIOS E USO DE FUNGICIDAS NO MANEJO DE Sclerotium cepivorum”, realizada pelos engenheiros agrônomos Luisa Bastos Domingos e Everaldo Antônio Lopes.
Entenda:
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INTRODUÇÃO
O fungo Sclerotium cepivorum é o agente causador da podridão-branca do alho, doença específica de plantas do gênero Allium. A doença limita a produção de alho e cebola em todo o mundo, causando perdas de até 100% da lavoura. Áreas infestadas podem se tornar inviáveis para a produção de alho após quatro anos de cultivos sucessivos e a erradicação do patógeno de áreas infestadas é difícil e cara.
Várias medidas devem ser adotadas visando à redução da população do patógeno no solo. O controle químico da doença tem eficiência limitada, devido à incapacidade dos fungicidas em eliminar os escleródios, em proteger os locais de infecção nas raízes e pela rápida degradação de alguns princípios ativos no solo. Embora o patógeno parasite apenas plantas do gênero Allium, a rotação de culturas não é um método recomendado para o manejo da doença, uma vez que os escleródios podem sobreviver no solo por 10 a 30 anos. Assim, o manejo integrado da doença deve incluir diferentes estratégias de controle, dentre elas, a aplicação de indutores de germinação dos escleródios.
Plantas do gênero Allium liberam na rizosfera compostos não voláteis, como sulfóxidos alquilo e alilcisteína, principalmente durante o período de bulbificação. Esses compostos são metabolizados pela microbiota do solo, especialmente bactérias, e resultam na produção de compostos voláteis, a exemplo do di-n-propil dissulfureto (DPDS) e dissulfeto de dialila (DADS). Tais substâncias voláteis estimulam a germinação de escleródios de S. cepivorum, resultando na produção de hifas que infectarão o hospedeiro.
Considerando que a germinação dos escleródios depende da presença desses compostos, a densidade do patógeno no solo pode ser reduzida pela aplicação de substâncias que estimulam a germinação, contendo ou mimetizando as substâncias químicas voláteis dos exsudatos de raízes de Allium. Se a aplicação for feita em solo úmido, com temperatura de 13 a 18 °C, os escleródios podem germinar na ausência do hospedeiro. Micélios formados a partir de escleródios germinados podem persistir por diferentes períodos, variando de poucos dias a várias semanas, dependendo da temperatura do solo. No entanto, morrem depois de esgotar as reservas de nutrientes do escleródio e pela ausência de tecido vegetal para infectar.
A substância mais comumente utilizada para indução da germinação de escleródios de S. cepivorum é o dialil dissulfeto (DADS), com produtos comerciais à base desse composto disponíveis na Oceania e América do Norte. A aplicação no campo contendo 70 – 150 escleródios por kilo de solo, com duas aplicações de DADS na dose de 10 L.ha-1 em 500 L.ha-1 de água, reduziu a incidência de podridão-branca em cebola, a menos de 1%. Há relatos de que extratos e óleos de plantas do gênero Allium também podem induzir a germinação do fungo. No entanto, ao contrário do DADS comercial que já foi mais estudado e possui concentração padronizada pelo fabricante, as concentrações, doses e formas de aplicação dos extratos devem ser avaliadas antes da recomendação para aplicação no campo.
Considerando a possibilidade de uso do DADS para o manejo da podridão-branca, avaliou-se neste trabalho a eficiência da indução da germinação de escleródios a partir da ação do DADS como estimulante de germinação do fungo ao longo do perfil de solo.
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