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Cultivo de alho: área plantada deve crescer até 20% em 2022

08 de março de 2022

O cultivo de alho vem crescendo ano a ano no Brasil e a pandemia da Covid-19 marcou um período de aumento no consumo, o que também estimula os produtores. A área plantada com alho no país passou de 9 mil hectares há cerca de oito anos, quando a produção nacional abastecia em torno de 25% da demanda doméstica, para 16 mil hectares em 2021, período em que o produtor nacional passou a suprir 60% do consumo interno, de acordo com Rafael Corsino, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA).
Em 2022, o cultivo de alho deve seguir avançando. A expectativa é que a área plantada cresça de 15% a 20% sobre o ano anterior, com chance de chegar a 19 mil hectares. Os maiores produtores são Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ao todo, cerca de dez estados brasileiros fazem o cultivo de alho.

O principal estímulo é o consumo, que também segue crescendo. A demanda brasileira avançou em cerca de 6 milhões de caixas de 10kg depois do início da pandemia, quando os brasileiros passaram a consumir mais alho em função de suas propriedades nutracêuticas, como antibiótico e antibactericida natural, com substâncias que elevam a resistência e imunidade dos organismos, explicou Corsino. Em 2022, o consumo no Brasil deve se manter em cerca de 35 milhões de caixas.

Já a produção nacional este ano deve totalizar em torno de 22 milhões de caixas. Se a previsão se concretizar, o produtor brasileiro poderá garantir entre 65% e 70% do consumo doméstico, com o cultivo de alho retornando aos níveis de 20 anos atrás, quando o país chegou a ter quase 19 mil hectares cultivados com alho. “O aumento da área cultivada se deve ao trabalho de marketing realizado pela ANAPA, focando na melhor qualidade do produto frente aos importados, como o alho que vem da China”, destacou o dirigente da entidade. Rafael Corsino também destaca que aumentaram os investimentos em pesquisa de diferentes instituições como a Embrapa, a Epagri, e universidades que, em parceria com a ANAPA, permitiram avanços na produtividade e qualidade do alho brasileiro.

O plantio começou em fevereiro no estado de Minas Gerais. Em Goiás, a semeadura começa neste mês de março. Minas Gerais e Goiás devem representar de 13 mil a 14 mil hectares no cultivo de alho, enquanto a região Sul e o estado da Bahia devem cultivar 5 mil hectares.

Mercado internacional

Com a expansão da produção brasileira de alho, o Brasil acabou ocupando uma parte do mercado da China, que vendia aqui o seu produto a preços abaixo do custo de produção dos agricultores brasileiros. Até 2020, a China exportava cerca de 10 milhões de caixas de alho para o Brasil, número que caiu para menos de 5 milhões de caixas no ano passado. A redução das compras da China também teve a contribuição
da alta do frete marítimo, que está encarecendo ainda mais diante da recente invasão da Ucrânia pela Rússia, e das variações na taxa de câmbio.

A ANAPA também vem trabalhando para cassar liminares na justiça que permitem a entrada do alho chinês sem a cobrança da tarifa anti-dumping. A tarifa foi prorrogada pelo governo brasileiro em outubro de 2019, o que significa que uma taxa de US$ 7,8 deve ser aplicada por cada caixa de 10 kg de alho chinês importado. Em muitos casos, importadores tentam burlar essa cobrança e entram com pedidos de liminar na justiça. “Para se ter uma ideia de quanto isso prejudica os produtores brasileiros, no primeiro semestre do ano passado, sem a incidência da tarifa anti-dumping, o alho chinês chegava ao mercado brasileiro por R$ 85 reais, quando o custo de produção aqui era de R$ 95 a R$ 100 a caixa”, destacou Corsino, lembrando que nesta época o frete marítimo não estava nos mesmos níveis altos registrados atualmente.

Se o cenário não mudar, a perspectiva é positiva para os preços, que saltaram de R$10/kg no fim do ano passado para atuais R$ 12 a R$ 13/Kg, mesmo em meio ao auge das vendas da Argentina e da região Sul do Brasil. A orientação para os produtores é que aumentem a produtividade, e façam a correta aplicação de adubos e a correção do solo. O produtor precisa ter as estruturas financeiras, de pessoal e físicas, como galpões, máquinas e câmaras frias, adequadas para seu crescimento. Desta forma poderá fazer a comercialização do produto de forma planejada, obtendo maior rentabilidade.

Fonte: https://www.satis.ind.br