Os especialistas do setor alheiro na Argentina estimam que a produção de alho da safra passada corre o risco de não ser completamente comercializada. Segundo eles, isso é consequência do excesso de oferta no mercado internacional, que também provocou queda de preços. Apesar disso, eles sustentam que este ano foi plantado uma área similar ao do ano passado, cerca de 10 mil hectares. Depois de uma temporada 2016-2017 em que o valor do alho ficou acima da média – de acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) -, 2017-2018 não foi tão favorável para o setor.
Guillermo San Martin, gerente da Associação de Produtores, Empacotadores e Exportadores de Alho e Cebola da Província de Mendoza (Asocamen), disse que os preços caíram mais de 50% e que esta redução foi tanto para o produto exportado, quanto ao que foi pago ao produtor.
O principal motivo foi a produção extraordinária da China, somada à de outros países do hemisfério norte, principalmente a Espanha e os Estados Unidos. Esse aumento na oferta foi incentivado pelos altos preços do alho no mercado internacional em 2015 e 2016.
Ainda segundo San Martin, muitos produtores não chegaram a vender 100% do alho cultivado e tampouco conseguiram armazenar todo o produto nos galpões. Ele acredita que possa haver uma melhora no mercado até agosto, mas não aposta atinjirá a comercialização.
O preço flutua a cada três temporadas
Um relatório elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Rural com dados históricos até 2017 mostra a relação entre a oferta – produção de cada ano – e o preço.
Na safra 2011/12 a oferta ficou bem acima da média e, por isso, o preço pago ao produtor ficou muito abaixo. Seguindo o mesmo comportamento, na temporada 2016/17 o preço foi relativamente alto e a oferta ficou abaixo da média. A partir da análise de tendências nos últimos 15 anos, percebe-se que os preços do setor são flutuantes e que, em geral, a duas ou três safras com preços acima da média, um número similar de temporadas com valores do produto passa a baixo da média. Nessa mesma linha, eles afirmam que o setor começou a ter um ciclo de expansão na safra 2014/15, já que a renda da atividade era favorecida pelo preço do alho.