Em busca de novas variedades de alho, a Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) estão trabalhando em conjunto no desenvolvimento de uma pesquisa que avalia o desempenho de cultivares provenientes do banco de germoplasma do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina em regiões brasileiras. Para facilitar a realização deste protocolo, as instituições formalizaram um Acordo de Cooperação Técnica assinado pelo presidente da Anapa, Rafael Corsino, e o pesquisador da Epagri, Anderson Feltrim, nesta quarta-feira (22), durante o Encontro Técnico e Científico em São Gotardo (MG), onde a pesquisa foi apresentada aos produtores presentes no evento.
“A Epagri é uma das principais parceiras dos produtores de alho no Brasil, com diversos trabalhos feitos para melhorar a produtividade e trazer respostas para os problemas que enfrentamos no campo”, destacou Corsino. “Hoje uma das nossas maiores necessidades é o plantio de novas cultivares. Por isso, temos grandes expectativas com os resultados que sairão deste projeto”, completou.
O contrato com a Epagri terá cinco anos de duração. Segundo Feltrim, esse é o tempo necessário para a seleção e o teste dos materiais importados da Argentina. “Vamos desenvolver uma pesquisa por cinco anos, porque não é simplesmente testar um alho de qualquer região ou mesmo dentro do próprio país. Há toda uma questão de adaptação e dentro dessa adaptação podem surgir algumas variações, algumas mutações que poderão ser utilizadas. Esse foi o caso do próprio Ito que é utilizado hoje e teve origem em uma mutação do material que veio da Argentina”, reforçou o pesquisador.
Feltrim explicou também que a pesquisa poderá resultar em cultivares de alho branco e não necessariamente em alho roxo. “A ideia é desenvolver novas cultivares. Mas às vezes conseguir material roxo lá da Argentina para ser introduzido aqui no Brasil é mais difícil. Poderemos ter principalmente alho branco. E são alhos mais tardios. A probabilidade de se adaptarem mais para o Sul do que a região do Centro-Oeste é bem maior”, finalizou.
Saiba mais sobre a pesquisa
O trabalho da Epagri consiste em transplantar e multiplicar em solo brasileiro as quatro cultivares de alho cedidas pelo INTA. A partir da seleção de materiais superiores, obter novas cultivares com potencial produtivo e adaptadas às variações edafoclimáticas das diferentes regiões do país.
As sementes argentinas chegaram ao Brasil em maio. No mês seguinte, em junho, ocorreu o plantio em uma área de Santa Catarina e, em janeiro, o material será colhido. O próximo passo é a multiplicação novamente na região sul para posterior testes de adaptabilidade no cerrado. Além dessas quatro cultivares, serão enviadas, em 2024, novas variedades, com ciclo menores, do banco de germoplasma do INTA para seleção.
Destaca-se que Anapa também assinou, neste ano, um convênio com o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) na Argentina para intercâmbio de germoplasma do banco genético do instituto para testes de adaptabilidade e estabilidade no Brasil. O objetivo da Anapa é contribuir para o enriquecimento do patrimônio genético vegetal da cultura do alho no Brasil, seguindo a legislação fitossanitária e de proteção ao patrimônio genético dos dois países.