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EXPOCOOP 2014: Agregar valor ao produto é o grande desafio do agronegócio

20 de maio de 2014

Tanto que o país tem condições de ser líder mundial na produção agrícola. Mas, por quê, então, isso não acontece? O assunto foi debatido na sexta-feira (16/05) durante o Seminário Internacional de Mercado Cooperativo, que aconteceu segundo dia da Expocoop 2014. A feira, considerada a maior do mundo em negócios cooperativos, foi realizada neste ano na cidade de Curitiba, capital paranaense, entre os dias 15 e 17 de maio, Expo Unimed.

Política agroindustrial- Segundo os representantes de cooperativas e líderes do setor que debateram o tema para que o agronegócio cresça a passos largos é necessário ter uma política agroindustrial no país. Somente dessa forma será possível que um maior número de agricultores passe da monocultura para a agroindústria, transformando seus produtos, conquistando maior valor agregado, competitividade e lucratividade no mercado.

Exemplos – Na agroindústria, ao invés de apenas vender a cana de açúcar para a usina, o agricultor pode diversificar investindo na produção da cachaça de alambique, de melado, rapadura, entre outros derivados. Outro bom exemplo é o da soja. É necessário incentivar não apenas a exportação do grão, mas também do farelo e do óleo. Atualmente, as commodities (produtos comercializados sem nenhuma industrialização), são o carro chefe das exportações no Brasil.

Empecilho – De acordo com os cooperativistas agrícolas, o maior empecilho para o crescimento do setor agroindustrial não está na obtenção de linhas de crédito para conseguir capital, e sim, em pagar e obter mão de obra qualificada. A burocracia no Brasil, segundo eles, é grande, e a tributação deixa os gastos com contratação de pessoal muito pesados.

Automatização – Mario Lanznaster, presidente da cooperativa catarinense Aurora, vê a automatização dos serviços da indústria como uma alternativa para solucionar o problema. Segundo ele, a falta de mão de obra qualificada, somada a uma grande rotatividade dos colaboradores brasileiros nas empresas, muito instigada pelo recebimento do seguro desemprego, é um complicador.

Crescimento – Atualmente, a cooperativa conta com 22 mil funcionários, entre eles, indígenas, haitianos e até mesmo ex-presidiários, conta Lanznaster. No último ano, a empresa teve um crescimento de 15%. O faturamento entre 2013 e 2014 foi de R$ 5,7 bilhões e a previsão é de que salte para R$ 6,5 bilhões, em 2015. Ele considera que a permanente capacitação de mão de obra, o dinamismo, a agregação de valor e o fracionamento de produtos estão entre os principais ingredientes para se obter sucesso.

Infraestrutura – Outro fator citado por Lanznaster e bastante comentado também pelo diretor da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e presidente do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), João Paulo Koslovski, é o problema com infraestrutura. “Um dos maiores gargalos do agronegócio”, destaca. “O custo com transporte é muito elevado. No Paraná, por exemplo, não temos boa estrutura portuária, pagamos um pedágio caro, que corresponde a 8% do valor do produto, e a qualidade das estradas [não é das melhores]. Além disso, não temos ferrovia”, ressalta Koslovski.

Competição – Ele reforça também que a tributação é outro “gargalão” que tira a competição das empresas brasileiras. “A previdência tem alto custo e dobra o valor investido com funcionário. É preciso uma reforma trabalhista”, diz, complementando que ainda é necessário muito investimento na qualificação da mão de obra e na gestão dos negócios. Segundo o presidente da Ocepar, o setor do agronegócio cresceu 18% no Paraná, no ano passado, puxado pela Agropecuária. “No Brasil, a média de crescimento está em 10%”, comparou ele.

Crédito – Ao falar sobre as linhas de crédito oferecidas para o produtor agrícola, Guilherme Lacerda, diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ressaltou que o Brasil vive um momento positivo no setor do agronegócio, com crescimento vertiginoso. Todavia, ele concordou que os gargalos citados pelos empresários, durante a Expocoop, no painel “Agregação de valor – agroindustrialização”, do qual foi palestrante, reduzem, significativamente, um avanço mais rápido do setor.