O Brasil tem a capacidade de produzir alho o ano inteiro graças às diferenças climáticas das regiões. Neste momento, os produtores do cerrado seguem focados na colheita da safra 2023, enquanto os da região sul finalizaram o plantio. De acordo com a estimativa da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), a área de produção será de 16 mil hectares este ano, com a oferta total de 20 milhões de caixas de 10kg; projeção inferior a safra passada, quando o setor alcançou 18 mil hectares e 23 milhões de caixas.

A redução é puxada principalmente pelos produtores do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, onde a área plantada deve ter uma diminuição de 30% e ficará em torno de 2.200 hectares. “Em função da forte concorrência que sofreram com a entrada do alho argentino no Brasil a preços baixos e fora dos padrões da portaria 435, nos primeiros meses do ano, os produtores do sul reduziram sua área plantada”, explicou Rafael Corsino, presidente da Anapa. Os produtores do sul são os mais impactados pelo alho argentino devido a safra coincidente.

De janeiro a junho de 2023, a Argentina dominou as importações para o Brasil, respondendo por 84% do alho internalizado pelo país. Por fazer parte do Mercosul, esse alho não paga imposto de importação, mas precisa se adequar aos padrões da Portaria 435, que define as regras de identificação e classificação do alho para comercialização entre os países do bloco. No entanto, segundo informações dos produtores brasileiros, boa parte da mercadoria que chegou ao Brasil não estava de acordo com a norma vigente, que veda, por exemplo, a venda de alho em sacas. Na tentativa de reverter esse cenário, a Anapa apresentou as denúncias às autoridades competentes e solicitou reforço na fiscalização na fronteira entre os dois países, o que resultou em apreensões de diversas cargas ilegais.

Mercado internacional

A diminuição das áreas de cultivo de alho no Brasil acompanhará a tendência mundial dos principais concorrentes. Neste momento, a China e a Espanha estão na colheita da safra 2023. A redução será de 15 a 20% na produção chinesa e será maior ainda na espanhola, devido ao excesso de chuvas agora na colheita e corte do alho. A Argentina finalizou o plantio e a redução nas áreas de cultivo foi de 25%.

importações

No primeiro semestre de 2023, foram importadas 7,5 milhões de caixas, volume similar ao da safra passada que foi de 7,7 milhões de caixas. A média mensal importada em 2023 foi de 1,2 milhão de caixas. Fica claro o domínio argentino com 6,27 milhões de caixas (84%), seguido pelos chineses (15%) com 1,1 milhão caixas, na oferta de alho importado. A Espanha voltou ao mercado nacional exportando em junho 16,7 mil caixas. O Chile, terceiro fornecedor no primeiro semestre, exportou 64,8 mil caixas. O Peru exportou 2,5 mil caixas e o Egito nove mil caixas de janeiro a junho de 2023.