A convite da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), o Prof. Dr. Fernando Ângelo Piotto, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), participou na última quarta-feira (7/6) do Giro Técnico de Goiás, evento promovido em parceria com a Syngenta e a Fazenda Alvorada, em Luziânia, com a presença de mais de 40 pessoas. Na ocasião, o pesquisador conversou com os produtores da região sobre o projeto que está coordenando com o apoio da Anapa para o desenvolvimento de novas cultivares de alho por meio de mutagênese, processo que gera mutações genéticas nas plantas. Especificamente neste trabalho, o foco é o uso da radiação na produção de mutantes de alho, os quais podem se tornar, no futuro, novas variedades.

“O evento foi muito produtivo! Eu apresentei o desenvolvimento da pesquisa, aprendi com os produtores, tivemos momentos importantes de interação e tiramos dúvidas”, avaliou Piotto, que teve a oportunidade de visitar lavouras em diferentes estágios e conhecer na prática como ocorre o plantio comercial do alho.

Após a experiência, o professor reforçou a importância da interação entre produtores e a área de pesquisa. “A cultura do alho é fascinante e bastante desafiadora. Há vários detalhes e características que tornam a cultura um grande desafio, mas um desafio que traz um fascínio para quem está na área de pesquisa, em especial para mim. Essa interação é essencial porque os produtores trazem as demandas que eles têm para que a gente direcione as pesquisas no ambiente acadêmico”, concluiu o pesquisador.

O Gerente-administrativo da Fazenda Alvorada, Charles Ribeiro, também destacou o impacto positivo que os eventos promovidos pela associação podem trazer para quem está no campo “O giro técnico é a oportunidade dos produtores trocarem informações e de trazer pessoas com conhecimento de fora, como professor Piotto, que podem nos auxiliar no dia a dia. Esse trabalho que a Anapa vem fazendo é muito importante”, concluiu.

Saiba mais sobre a pesquisa

Iniciado no dia 25 de abril, o projeto coordenado pelo pesquisador Piotto submeteu 6.500 sementes de alho, disponibilizadas por produtores de Goiás e Minas Gerais, a diferentes doses de raios gamma. Em seguida, foi realizado o plantio dessas amostras em uma fazenda de Piracicaba (SP), onde já é possível observar a influência da radiação no desenvolvimento das plantas.

Mas, segundo o Prof. Dr. Fernando Ângelo Piotto, os trabalhos ainda estão em fase inicial de ajuste de metodologias e adequação da melhor dose de mutagênese para que, no futuro, seja possível a obtenção de novas cultivares de alho por meio dessa técnica.

Considerando que o alho é uma espécie propagada exclusivamente de forma vegetativa, a mutagênese é uma das únicas alternativas para obter novas cultivares. É importante destacar que as mutações já ocorrem naturalmente nas plantas, de modo que eventualmente algumas são identificadas pelos produtores e selecionadas como outras variedades. No caso da mutagênese artificial utilizando raios gamma, este processo é acelerado e a obtenção de novas cultivares poderá ocorrer em um curto período de tempo.

Incentivo à pesquisa

A pesquisa “desenvolvimento de novas cultivares de alho por meio de mutagênese” foi selecionada no edital lançado pela Anapa em novembro de 2022, com o objetivo incentivar pesquisadores de todo o país a produzirem trabalhos com foco na cultura do alho, contribuindo assim para a melhoria e o desenvolvimento da cadeia produtiva.

O edital resultou na seleção de oito protocolos e na formalização de parcerias com seis instituições, entre universidades e institutos de pesquisa. Os projetos foram selecionados após consulta aos produtores e avaliação do conselho de pesquisa da Anapa e dos comitês técnicos regionais (Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina, Piauí e Rio Grande do Sul). Confira aqui os protocolos que receberão investimento da Anapa e das associações estaduais.

No total, foram inscritas 31 propostas. Além da análise do conselho e dos comitês, o processo de escolha levou em conta a relevância dos temas apresentados para a cadeia produtiva e a disponibilidade orçamentária da associação.