Em busca de apoio do governo federal para combater a entrada ilegal de alho argentino, o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Rafael Corsino, se reuniu, nesta quinta-feira (16), com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e o alertou sobre a “crítica situação” dos produtores da região sul, os mais afetados pela “concorrência desleal” com o produto importado do país vizinho. O encontro contou também com a participação do vice-presidente da Anapa, Olir Schiavenin, e o deputados federais Rafael Pezenti e Heitor Schuch.
“A reunião foi muito boa. Explique para o ministro a importância do alho para os cinco mil agricultores familiares que vivem dessa cultura no Brasil. A falta de uma ação rápida contra a entrada do alho por contrabando e nas sacas, o que é proibido pela legislação brasileira, tem sufocado esses produtores”, destacou Rafael Corsino. Além de um reforço na fiscalização para barrar mercadorias fora do padrão, o presidente da Anapa solicitou ao ministro a possibilidade de prorrogar os custeios porque os produtores não estão conseguindo vender a produção e assim pagar os financiamentos da safra.
“Esperamos que o Ministério do Desenvolvimento Agrário fique ao lado dos produtores brasileiros assim como esteve na renovação do direito antidumping contra a China. A reforma agrária no Sul foi uma das poucas que deu certo no Brasil e o pilar dessas propriedades é o plantio do alho, que tem dado a maior contribuição no sustento na família. Por isso, é importante manter a cultura”, acrescentou Corsino.
Essa foi a segunda reunião com representantes do governo para tratar do tema. Na última terça-feira (14), a diretora-executiva da Anapa, Tatiana Reis, participou de uma audiência com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Na ocasião, foi proposto ao ministro o reforço na fiscalização nas principais portas de entrada das importações: as cidades de São Borja (RS), Foz do Iguaçu (PR) e Porto Xavier (RS). A medida será importante para coibir as fraudes e as práticas desleais ao comércio, além de contribuir para segurança alimentar dos brasileiros.
Segundo informações dos produtores, os alhos argentinos estão entrando no Brasil armazenados de forma inadequada, contrariando as regras definidas pela Portaria MAPA n° 435, que define o padrão de qualidade e a classificação para o alho. De acordo com esse normativo, os alhos devem ser comercializados em embalagens novas, limpas, secas e que não transmitam odor e sabor estranho ao produto, especificando ainda que os alhos podem ser embalados em caixas de papelão, madeira ou plásticas. No entanto, o que tem se observado é um volume excessivo de mercadorias comercializadas em sacos, o que não é permitido pela portaria já que este tipo de embalagem compromete a condição do produto.