O combate às importações ilegais de alho argentino segue na pauta de trabalho da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa). Nesta sexta-feira (27), o presidente da associação, Rafael Corsino, conversou sobre esse tema com o presidente da Associação de Produtores, Embaladores e Exportadores de Alho, Cebola e Afins da Província de Mendoza (ASOCAMEN), Ariel Zucarelli, e reforçou a necessidade de atuação em conjunto das duas entidades para identificar as empresas que atuam fora da lei. A reunião foi on-line e contou também com a participação dos produtores Rodrigo e Silvio Novascoski, representando a Cooperativa Regional Agropecuária do Meio Oeste Catarinense (COPAR), e o presidente da Associação Catarinense de Produtores de Alho (ACAPA), Everson Tagliari, além da diretora-executiva da Anapa, Taitiana Reis, e outros representantes da ASOCAMEN.
“Estamos empenhados em resolver o problema. A Argentina tem interesse em nos ajudar porque essa situação também prejudica os exportadores argentinos que fazem as coisas corretas”, explicou Corsino. Essa é a terceira reunião da Anapa com representantes argentinos com o foco no combate a entrada ilegal de alho no Brasil. Os encontros anteriores ocorreram em agosto e setembro de 2022.
Segundo denúncias dos produtores da região sul, está entrando no Brasil alho argentino em sacos, o que é contra as regras do Mercosul, sem o pagamento dos impostos e até com insetos vivos. Há relatos ainda de contrabando, ou seja, mercadoria sem documentação e burlando as regras de comércio. A principal entrada de alho da Argentina é por Foz do Iguaçu (51%), em seguida vem o Rio Grande do Sul (49%), nas cidades de Porto Xavier e São Borja. Santa Catarina é 0,3%.
O tema também está sendo tratado internamente no Brasil. Nesta quarta-feira (25), a reunião foi com o secretário de Agricultura de Santa Catarina, Valdir Colatto. Também serão acionados os Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário e demais instituições competentes para que sejam tomadas as medidas cabíveis. “Já solicitamos audiência com as autoridades brasileiras, que estão atuando para reforçar a fiscalização e combater esse problema”, concluiu o presidente da Anapa.
Cenário
Em 2022, a Argentina foi responsável por 73% do alho que chegou ao Brasil, o que equivale a 8,73 milhões de caixas de 10kg – o maior valor registrado desde em 1997 (9,24 milhões de caixas). Os produtores do sul são os mais impactados pelo alho argentino devido a safra coincidente. Somente em dezembro, o total internalizado de alho dos hermanos foi quase 1,5 milhão de caixas, um recorde para o mês de dezembro.
Por fazer parte do Mercosul, o alho vindo da Argentina não paga imposto de importação, mas precisa adequar-se às normas e padrões de classificação. No entanto, segundo denúncias das associações de produtores do sul do Brasil, boa parte do alho de lá importado não seguiu as regras definidas para o bloco. As informações fazem parte do Panorama de Mercado, elaborado pelo engenheiro agrônomo Marco Antônio Lucini e divulgado pela Anapa.