O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento publicou nesta terça-feira (31/3) a criação de um comitê de crise para monitorar os efeitos do coronavírus na cadeia de abastecimento do Brasil.
Composto por seis secretarias, além da Conab e Embrapa, o comitê terá como objetivo “monitorar e propor estratégias para minimizar os impactos do coronavírus na produção agrícola e no abastecimento de alimentos para a população brasileira”.
De acordo com a portaria nº 123, o comitê terá duração enquanto as medidas para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus estiverem vigentes, período no qual realizará ações de monitoramento e encaminhamento de soluções de curto e de médio e longo prazo.
Relatórios
Entre as ações, estão monitoramento do varejo, da indústria e distribuição, além de “criar cenários futuros e propostas sobre impactos que poderão advir nos sistemas produtivos, mercados e demanda”, alinhando-os com o cenário internacional e propondo soluções.
Ainda de acordo com a portaria, a participação no comitê de crise será considerada prestação de serviço público relevante e não prevê remuneração de seus participantes.
O grupo será presidido e coordenado pelo secretário de política agrícola do Ministério, Eduardo Sampaio Marques, e seus relatórios serão produzidos em caráter sigiloso, sendo encaminhados para subsídio da ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
ANAPA
Consultada pela pela Secretaria de Política Agrícola, a Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA) destacou, por meio de relatório, os principais fatores de riscos, sobretudo, para as áreas de produção agrícola, transporte e comercialização.
Segundo o presidente da ANAPA, Rafael Jorge Corsino, um dos riscos em curto prazo é a questão da contratação de mão de obra de outros Estados para o período de plantio e colheita, não só do alho, mas das hortaliças em geral.
“Muitos Estados estavam impedindo o trânsito e o deslocamento de trabalhadores rurais para outras regiões, como medida de prevenção do coronavírus. Ainda bem que a nossa ministra da agricultura foi ágil e publicou a Portaria n.116, que pacifica essa questão, ao classificar os serviços que são essenciais ao funcionamento das cadeias de alimentos e bebidas”, avaliou.
Corsino também alertou para as dificuldades de custeio para financiamento imediato e a preocupação que os produtores rurais estão em relação ao futuro, já que a crise provocada pelo coronavírus provavelmente provocará uma retração na economia, afetando o poder de compra dos brasileiros.
“Os agricultores estão agora no campo, produzindo alimentos. Mas como estará a situação do mercado quando colocarmos esses produtos à venda? Os consumidores ainda terão poder de compra?”, questionou o presidente da ANAPA, ao revelar que essa é uma questão que a ANAPA já está levantando com o Ministério da Agricultura.