O mercado internacional do alho, desde a safra de 2019, opera em alta, devido a menor produção na China. O domínio chinês é total nas exportações mundiais de alho, com 185 milhões de caixas de dez quilos por ano. Em segundo lugar vem a Espanha, com 16,5 milhões de caixas e a Argentina, com 10 milhões de caixas.
Com a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) e a diminuição nos embarques da China, a procura e os preços aumentaram nos demais países fornecedores, que tem baixíssimos estoques e/ou produções insuficientes para atender a demanda mundial atual.
Na Espanha, o segundo maior país exportador, que está na entressafra, o preço aumentou 40% para o alho guardado em câmara fria. A Argentina, nosso principal fornecedor de alho, já exportou mais de 60% da produção até meados de março. Outros exportadores como o Chile e Egito não tem volume nem qualidade suficiente para abastecer a crescente demanda internacional.
Daqui para frente dependeremos (produtores, atacadistas e varejistas) do coronavírus, sua evolução e das medidas governamentais que poderão afetar o abastecimento, a exemplo do fechamento de fronteiras estaduais e do Mercosul, além da taxa de câmbio do dólar, uma vez que 55% do alho consumido no Brasil é importado. Poderá acontecer, nos próximos trinta dias, uma limpa no estoque de alho no mercado atacadista nacional, caso houver restrições no transporte interestadual e em especial na fronteira com a Argentina.
Sobre a China, a volta da normalidade de oferta de alho dependerá, é claro, de containers frigorificados e navios. Esse com certeza são os limitadores de ofertas da China, após o coronavírus.
Na reabertura das fronteiras e do Mercosul, se isso acontecer, haverá num primeiro momento, o aumento na procura por alho em toda região, com tendência a aumento de preços, como aconteceu recentemente na Espanha.
O impacto nos preços para cima só não é maior, aqui no Brasil, por que nesse período do ano, quem domina o mercado nacional de alho importado é a Argentina com 80% das ofertas.
Em curto prazo, não vislumbramos nenhuma oferta de quantidade e qualidade que possa derrubar bruscamente os preços no mercado internacional, com reflexos aqui no Brasil. Na realidade, poderemos é ter “um apagão” na oferta de alhos nobres roxos de abril até final de junho quando entra no mercado a safra nova nacional.
Mesmo com toda a “operação de guerra” ao coronavírus, o consumo de alimentos deverá permanecer estável, ainda mais o alho que além de tempero tem importantes propriedades medicinais que melhoram a imunidade ajudando na prevenção de gripes e resfriados.
Marco Antônio Lucini – Engenheiro Agrônomo e Diretor Técnico da ANAPA