As associações dos produtores de alho do Brasil e de Mendoza (Argentina), ANAPA e ASOC.A.MEN, respectivamente, reforçaram o acordo de trabalhar de forma coordenada para a renovação do direito antidumping, que vence ano que vem. O encontro das entidades aconteceu desta vez no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, na última quinta-feira (21).
A ação acordada será feita com o objetivo de garantir aos produtores brasileiros e argentinos competitividade com o alho chinês, que chega ao Brasil com um valor final equivalente ao custo de produção dos produtores nacionais e exportadores de Mendoza.
O presidente da ANAPA, Rafael Jorge Corsino, explicou que a taxa antidumping coloca os produtores brasileiros em pé de igualdade com o alho importado da China, o que também favorece os produtores argentinos, que são parceiros no bloco do Mercosul.
“A medida afeta o Brasil e a Argentina, por isso concordamos com a ASOC.A.MEN para trabalhar em conjunto e solicitar a extensão desta tarifa por mais cinco anos”, disse Corsino.
Guillermo San Martín, gerente geral da ASOC.A.MEN, explicou que o direito antidumping está fixado atualmente em US$ 7,80. Além do dumping, o alho importado da China também está incluído na LETEC, calculado em 35% do preço FOB. San Martín pondera, no entanto, que mesmo com essas tarifas, a China coloca o alho no Brasil com um valor muito mais barato do que os produtores mendocinos. “O alho do país asiático chega ao Brasil, depois de pagar todos os impostos, a U$S 21. Esse valor é igual ao nosso custo de produção. Isso é o que torna impossível competir com a China”, lamentou.
O plano de trabalho
Como mostram os números, os preços praticados pela China tornam impossível a igualdade de competição para os produtores de Mendoza. Para reverter esta situação, ASOC.A.MEN considerou duas linhas de trabalho: uma juntamente com ANAPA e, outra, com o Governo de Mendoza.
“O acordo que permitiu que o Brasil aplicasse o imposto de US $ 7,80 para a China começou em outubro de 2013 e estabeleceu uma duração de cinco anos. Se esse acordo cair, não seremos capazes de competir”, disse San Martin.
“À medida antidumping expira em outubro de 2018. Em maio, faremos um pedido formal solicitando a prorrogação por mais cinco anos. A partir daí, teremos mais um ano para realizar um estudo de mercado complexo que nos permitirá determinar, junto com os dados da ANAPA, se o direito antidumping deve diminuir, aumentar ou permanecer como está”, completou o gerente da ASOC.A.MEN.
Oportunidade de crescimento
Fernando Urdaniz, gerente geral da ProMendoza, deixou sua opinião sobre o acordo entre a ASOC.A.MEN e a ANAPA. “O alho chinês está chegando ao Brasil a um preço impossível para nós. Se conseguimos reverter esta situação, os produtores de Mendoza ganharão, porque estarão em igual competição de preço e o produto argentino é de melhor qualidade, quando comparado ao alho asiático”, disse.