Na última quarta-feira (16), representantes da Embrapa e da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), reuniram-se para debater as demandas de pesquisa para a cadeia produtiva do alho, que enfrenta dificuldades frente à importação do alho chinês.
Apesar da tarifa antidumping para o alho proveniente da China, e da inclusão do alho na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC), a cadeia produtiva nacional perde em competitividade devido ao alto custo de produção, principalmente em relação a sementes de alta sanidade e vigor.
Por isso, o presidente da Anapa, Rafael Corsino, entregou ao presidente da Embrapa, Maurício Lopes, um ofício com demandas de pesquisa para áreas como: fitossanidade; semente livre de vírus e vernalização para alho nobre; sistemas de plantio; anormalidades fisiológicas; fitotecnia e nutrição; entre outras.
“Partimos do pressuposto que a cadeia nacional do alho precisa estar bem amparada por pesquisas técnicas e, assim, contamos com a colaboração da Embrapa”, assinalou Corsino para quem a cadeia produtiva não pode ser dependente de políticas públicas de proteção do governo.
Recentemente, a tarifa antidumping foi renovada para os próximos cinco anos, com aumento de US$ 0,52/kg para US$ 0,78/kg. Contudo, cenários econômicos futuros indicam inviabilidade de renovação da tarifa, o que aumenta a urgência por pesquisas que elevem a qualidade e a produtividade nacional. “Em parceria, pretendemos buscar recursos para que possamos a abastecer uma maior parte do mercado brasileiro”, frisou o presidente da Anapa ao comentar que a participação do alho nacional no mercado que já alcançou 70-80%, hoje gira em torno de 30%.
Para o presidente da Embrapa, seria interessante buscar fontes alternativas de recursos, seja por meio de emendas parlamentares ou via Câmara Setorial, já que se faz necessário um fluxo continuado de recursos para a pesquisa. “Podemos planejar um arranjo de projetos voltados para a competitividade da cadeia produtiva e empoderar o segmento para que atuem como protagonistas e estabeleçam prioridades”, sugeriu Lopes.
Na ocasião, ainda se discutiu a possibilidade de reverter para o setor parte dos US$ 78 milhões que o Governo Federal arrecada com a tarifa antidumping, direcionando recursos inclusive para as pesquisas da Embrapa, de forma a incentivar a produção de alho nacional, cultura plantada por cinco mil agricultores familiares e que gera cerca de 100 mil empregos no país. Também participaram da reunião os pesquisadores Warley Nascimento e Ítalo Guedes, respectivamente, chefe-geral interino e chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Hortaliças.