Dois nomes importantes para o agronegócio de Minas Gerais foram homenageados com o 51º Prêmio Kiyoshi Yamamoto, na noite da última sexta-feira (28/10), em São Paulo: o produtor Masanori Ito, responsável pelo desenvolvimento da variedade de alho roxo Ito, e o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, por tornar o cerrado em uma das regiões mais produtivas do país. A cerimônia de premiação contou com a presença da gerente-geral da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Tatiana Reis, e de produtores de Minas Gerais, que se deslocaram até São Paulo para prestigiar os homenageados, como o presidente da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap), Marcos Miyazaki, e alguns de seus associados.

As histórias de Masanori Ito, produtor rural de Frei Rogério (SC), e Alysson Paolinelli, que ocupou o cargo de ministro da Agricultura em 1974, contribuíram para que a região do cerrado se destaca-se na produção agrícola, em especial do alho. “Por uma feliz coincidência e com intervalo de algumas de décadas, esses dois senhores se cruzaram no cerrado do Brasil. O visionário ministro que sob sua liderança fez dessa região um celeiro na produção de alimentos do mundo. Neste mesmo cerrado, temos o alho Ito que corresponde a quase 60% da área cultivada em Minas e Goiás”, destacou o presidente da Comissão do Prêmio, Kiyoshi Yamamoto, Nelson Kamitsujl. “Essas duas figuras nos enchem de orgulho no agronegócio”, completou.

Paolinelli não compareceu a solenidade, mas enviou um vídeo de agradecimento. “Tenho a maior honra em receber esse título da associação”, disse. “O Japão tem sido um grande parceiro do Brasil. Primeiro, a gente tem que reconhecer como muito favorável a imigração dos japoneses para o Brasil. Eles trouxeram suas habilidades, capacidade de produzir, sua persistência e organização para a melhoria da produtividade. Eles foram agentes de desenvolvimento”, destacou Paolinelli.

O prêmio é entregue a pessoas e instituições que prestaram relevantes contribuições ao Brasil no desenvolvimento do setor agropecuário. Para participar, os indicados precisam ser indicados por instituições atuantes na área.  No caso de Paolinelli, a indicação veio da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap) e da Associação Beneficente Esportiva de São Gotardo. Já Masanori Ito foi indicado pela Anapa, entre outras instituições, em reconhecimento ao trabalho que realizou nos 70, quando desenvolveu a variedade de alho nobre roxo, batizada com seu nome. A semente foi desenvolvida em Frei Rogério (SC), mas se adaptou bem na região do cerrado e hoje domina os campos de São Gotardo (MG), polo da produção dessa hortaliça no Brasil. A variedade Ito fez com que o alho respondesse por 1/3 de todo o faturamento do agronegócio da região.  

“Estar aqui hoje e receber essa homenagem é uma satisfação. Estou muito emocionado e gostaria de agradecer as entidades que indicaram meu nome. Esse mérito não é só meu, mas principalmente da minha esposa, que sempre me deu apoio na agricultura, juntamente com meus amigos e a transferência de tecnologia da bolsa da Japan International Cooperation Agency (JICA), da qual participei. Eu tenho muito que agradecer”, concluiu.

Ao discursar no evento, o presidente da Cooperativa Agropecuária do Alto Paranaíba (Coopadap), Marcos Miyazaki, destacou como Paolinelli e Masanori Ito fazem parte do DNA do agronegócio em Minas Gerais. “A Coopadap é fruto das ideias inovadora do Dr.Paolinelli e que  tem um grande desenvolvimento  graças ao cultivo do alho Ito”. E continuou: “Há 50 anos, seria difícil acreditar que a região do cerrado do Brasil poderia produzir alimentos com qualidade e em quantidade que contribuíram para a paz mundial, alimentando grande parte do planeta. No início dos anos 70, o então jovem idealista Paolinelli foi convidado para ser ministro da Agricultura e modernizar a produção nacional. Ele reorganizou a Embrapa, levou técnicos a se especializarem no exterior e promoveu o Padap (Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba) em São Gotardo, o que tornou possível a conquista do cerrado. A semente estava lançada e o cerrado se transformou e tem uma agricultura sustentável e pujante”.

Na plateia, estavam presentes alguns dos pioneiros do desenvolvimento da produção agrícola do cerrado e de São Gotardo, entre eles:  Marcos Miyazaki, Jorge Nobuyuki Kiryu, Silvio Muraoka, Massato Sakuma, Eduardo Shigueo Endo, Mario Miyazaki, Silvio Sussumu Nishikawa, Silvia Suzuki Nishikawa, Yukio Nakamura, Ricardo Yoshio Muraoka, Clovis Tamekuni, Claudia Cristina de Faria Miyazaki, Mariana Faria Miyazaki, Sophia Bez Ribeiro, Maria Aparecida Franco, Angela Kimie Kuboki Tamekuni, Suzama Tiemi Okuyama e Elizabete Hiromi Sakuma de Paulo.