News

Produtores reivindicam melhores preços e renegociações de dívidas de custeio e investimento

07 de março de 2018

A Prefeitura Municipal de Frei Rogério (SC) promoveu uma reunião com os agricultores familiares da região para discutir a situação da comercialização do alho. O encontro, que contou com a presença de 77 produtores de alho, aconteceu dia 26 de fevereiro, na Câmara de Vereadores do Município. A palestra proferida pelo EngoAgrônomo Marco Antonio Lucini, tratou sobre o mercado do alho e as estratégias da ANAPA para a renovação da tarifa antidumping. 

Os produtores de alho do sul do país e principalmente os catarinenses vem enfrentando uma grande dificuldade de comercialização e um baixo preço do alho. O preço atual não cobre nem o custo de produção. Segundo Lucini, o mercado nacional em 2017 foi abastecido com 44% de alho nacional e 56 % de alho importado. O alho importado vem da China (46%), da Argentina (39%), da Espanha (12%) e de demais países produtores (3%). 

“A China é a maior produtora mundial de alho e exporta o ano todo para o Brasil. Por isso a importância de mantermos o antidumping e a LETEC”, reforçou Lucini.

Ainda de acordo com o engenheiro agrônomo, atualmente está entrando alho argentino com semente originária da China, com um preço muito baixo e por fazer parte do MERCOSUL não há nenhuma barreira tarifária. “Esse alho está sendo altamente competitivo com o alho produzido no sul do país, fazendo com que exista esse período de grande dificuldade de comercialização e um preço muito baixo pago ao produtor”, completou.

Em 2018 tanto o alho argentino quanto o alho chinês está sendo comercializado pela metade do preço da safra passada, com um valor de US$ 10,00/caixa mais barato, preços FOB (que significa na origem). Esta baixa de preços na safra atual do alho importado deve-se, também, as liminares dos importadores para o não pagamento da taxa de antidumping sobre o alho chinês, fazendo com que o alho da china chegue mais barato do que o custo de produção do Brasil. Lucini explicou que a entrada de alho argentino em grande quantidade a preço baixo, com uma mercadoria fora dos padrões estabelecidos pelo MERCOSUL, desequilibra o mercado nacional, prejudicando os produtores.

Os agricultores organizados do Estado de Santa Catarina solicitaram ao poder público federal e estadual e aos agentes financeiros, através da ACAPA (Associação Catarinense dos Produtores de Alho), com apoio da Epagri, Prefeitura Municipal de Frei Rogério e a Copar (Cooperativa Regional do Meio Oeste Catarinense), a prorrogação do vencimento dos custeios de inverno, rebate de 50% do valor do empréstimo de custeio de alho, abertura de crédito e EGF E AGF via Cooperativa de Produção.

Na reunião, os agricultores comentaram sobre as regras de classificação para comercialização do alho no Brasil e reforçaram que o alho que vem da Argentina deve ser acompanhado e fiscalizado nas fronteiras para verificar se está entrando no Brasil de acordo com as normas de classificação do alho roxo nobre, de acordo com a Norma para o MERCOSUL nº98/94.

O secretário de agricultura de Frei Rogério Itamir Gasparini falou da importância da organização dos agricultores e da sua mobilização para reivindicação por uma política mais justa de preço. A Enga Agrônoma, Adriana Francisco, e o Engo Agrônomo, João Vinicius Ehara, da EPAGRI, falaram sobre a importância do uso das tecnologias adequadas para a produção do alho, levando em conta terra nova, semente de qualidade para poder produzir mais e melhor. Para os agrônomos, os produtores de alho sofrem números problemas na produção de alho, a exemplo das importações.

“A cultura do alho exige maior especialidade do que qualquer outra cultura, o custo de produção é elevado, pois requer estrutura de irrigação e maquinário, exige, também, rotatividade de áreas a ser explorada e busca por novas áreas”, frisou Adriana Francisco.

Os produtores destacaram, ainda, o apoio ao trabalho da ANAPA para manter o alho na Lista de Exceções da Tarifa Externa Comum (LETEC) e antidumping contra o alho chinês que entra no país, obedecendo regras e normas de comercialização brasileiras. 

 

Serviço:

Escritório Local da Epagri de Frei Rogério emfreirogerio@epagri.sc.gov.br ou fone (49) 3257 0045

Com informações de Adriana Francisco