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Em crise, produtores de alho de SC estimam prejuízos de até R$ 60 milhões

29 de abril de 2018

Prefeitura de Frei Rogério, na Serra Catarinense, chegou a solicitar decreto de situação de emergência em função da crise no setor

Produtores catarinenes de alho travam uma batalha com importação do produto chinês e argentino, que entra no mercado brasileiro com valor abaixo do praticado no país. Com isso, mais de mil produtores catarinenses estão preocupados com a dificuldade para vender a produção e estima que o prejuízo chega a ultrapassar R$ 60 milhões.

A situação é tão complicada, que a prefeitura de Frei Rogério, na Serra Catarinense, chegou a solicitar decreto de situação de emergência em função da crise no setor, como mostrou o NSC Notícias.

O agricultor Miguel Melo está praticamente com 32 mil quilos de alho estocados. Parte da produção, ainda não foi cortada para a venda. “Resolvi esperar para ver se consegue ter mercado, caso contrário posso perder ainda mais o dinheiro que vai pagar para cortar”, disse.

Dados da Epagri mostram que 80% do produto produzido na região estão estocados em barracões. “Esse ano a gente não está conseguindo alcançar R$ 3 o quilo do alho bom, do alho bem classificado, do alho toaletado. O preço não paga nem o custo, que é de R$ 6”, explica Adriana Francisco, engenheira agrônoma da Epagri. Em 2017, a média do preço pago pelo quilo do alho chegou a R$ 8.

Sem dinheiro entrando na propriedade, o resultado são empréstimos rurais vencendo, juros acumulando e o produtor sem saber o que fazer. “Se a gente conseguisse vender mesmo com o preço baixo, o problema seria menor. Se não chega para o total da dívida, mas sobra uma dívida menor pra você honrar de alguma forma. Só que sem vender, realmente não tem muito o que o produtor fazer”, disse o agricultor Rogério Maciel .

Em maio começa o plantio da próxima safra, é preciso preparar o solo, o que acaba gerando mais custo para o produtor.

“A safra de alho aqui no Sul [do Brasil] o período a janela de comercialização vai de final de dezembro a junho, então nós estamos no final e abril e vendemos, falando aqui da cooperativa, aproximadamente 40% da mercadoria fora o que está para chegar. Como comercialização a gente nunca tinha passado por um problema tão grande como tá sendo”, afirma Rodrigo Novascoki, que é gerente em uma cooperativa na Serra.

A expectativa é que o governo diminua as importações de alho e os bancos renegociem as dívidas. “Com um preço desse não vai compensar trabalhar. Precisamos que o governo olhe para o nosso lado e diminua a importação e demais incentivos pra que a gente possa continuar batalhando nessa área”, completa Novascoki.

Fonte: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/