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Com entressafra e dólar, preço do alho deve ficar elevado até junho

14 de abril de 2020

Ingrediente básico da culinária, o alho foi bastante demandado à medida que, diante das medidas de isolamento social, as pessoas precisaram priorizar a alimentação em casa. E o movimento refletiu nos preços. Entre os dias 13 e 23 de março, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) registrou aumento de 18% no varejo do Estado. O cenário deve persistir pelo menos até o início do próximo semestre. Até lá, as perspectivas são de oferta restrita e preços elevados, afirmam representantes do setor.

Com uma produção suficiente para atender 45% do consumo nacional, o Brasil viu o custo de importação disparar no início deste ano, acompanhando uma desvalorização de 30% do real ante o dólar e problemas nos embarques da China, segundo principal fornecedor do país. “Tivemos uma parada nos embarques da China ali por fevereiro, quando a pandemia começou a se agravar por lá”, explica o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho, Rafael Corsino.

Segundo Corsino, o alho chinês chegou a ficar 60% mais barato após o avanço do coronavírus na Ásia, uma vez que a produção do país passou a se acumular nos portos. Naquele momento, contudo, o Brasil já não conseguia mais importar o produto da China. “O Brasil estava sendo abastecido pela safra do Sul do país, que é pequena, e pelas importações da Argentina, que já escoou sua produção. Agora, a China volta ao mercado, mas com essa loucura toda”, observa o presidente da Anapa.

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, as importações brasileiras de alho chinês em fevereiro deste ano registraram queda de 24,5% em volume, com 1,6 mil toneladas, mas a um valor 48,8% maior, de US$ 2,5 milhões. No mercado interno, o preço do produto
nacional praticado no atacado paulista é cotado a R$ 250,77 a caixa de 10 quilos, segundo dados compilados pelo Instituto de Economia Agrícola do Estado (IEA). O valor é 67,8% superior ao observado no final da primeira quinzena de abril do ano passado.

A perspectiva, de acordo com o presidente da Anapa, é dos preços continuarem em patamares elevados ao menos até junho, quando entra uma nova safra na China e no Centro-Oeste do Brasil, melhorando as condições da oferta nacional. “Eles mal terminaram de vender a safra velha e já vai chegar uma nova em junho. Com isso, é provável que os preços normalizem nos portos chineses”, avalia Corsino.

Nas lavouras brasileiras, observa, as perspectivas são de boa colheita, com aumento de área plantada e boas condições climáticas até o momento. “A safra é maior no Cerrado, com pelo menos mil hectares plantados a mais que no ano passado. Isso significa um milhão e
meio de caixas a mais na oferta do Cerrado e, até agora, as condições de clima estão ajudando. Deve ser uma safra com muita qualidade e alta produtividade se o clima continuar como está”, conclui o presidente da Anapa.

Fonte: Revista Globo Rural