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Alho no cerrado: produtores traçam estratégias para 2018

26 de fevereiro de 2018

“A ANAPA vai endurecer o monitoramento e as denúncias contra empresas que cometem fraudes de importação, consistentes em subfaturamento, liminares, classificação, triangulação e descaminho”, informou o presidente da ANAPA, Rafael Jorge Corsino, em encontros com os produtores de alho de Goiás e Minas Gerais.

Na última semana, a Associação Nacional dos Produtores de Alho (ANAPA) desembarcou em Cristalina (GO), São Gotardo (MG) e Santa Juliana (MG) para rodada de reuniões.  Dentre as pautas, os produtores goianos e mineiros discutiram as concessões de liminares indevidas, a renovação da tarifa antidumping e o panorama do mercado de alho para a safra 2018.

Corsino esclareceu que a Associação recebe diariamente denúncias sobre fraudes de importação, que são checadas pelo departamento jurídico, para verificar a veracidade e posterior análise. Segundo o presidente nacional, a ANAPA fará uma audiência pública, em ação conjunta com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), para entender porque estão ocorrendo essas concessões de liminares judiciais autorizando o não recolhimento da tarifa antidumping. “A audiência acontecerá em Brasília, na Câmara dos Deputados, nos próximos meses”, adiantou Rafael Corsino.

Renovação da Tarifa Antidumping

Este ano a ANAPA dará início ao processo de renovação da tarifa antidumping. Na opinião de Corsino, o momento é crucial e os produtores precisam “mais do que nunca” estarem unidos. De acordo com ele, a Associação já está fazendo o levantamento de dados, que fazem parte da metodologia da petição inicial para a renovação da tarifa.

Produtores de alho de Goiás, em Cristalina

“Em maio vamos dar entrada na solicitação e alinhar junto à defesa comercial brasileira (DECOM) a renovação do direito antidumping. A ANAPA vai mobilizar o departamento jurídico e executivo e, também, os produtores, a fim de provar que a China continua praticando dumping em solo brasileiro”, contou.

Segundo resolução emitida pela CAMEX, todo e qualquer alho fresco oriundo da China, tem de pagar a taxa antidumping para ingressar com o produto no país, que atualmente está fixada em US$ 7,80, por caixa de 10Kg. Conforme o diretor jurídico da ANAPA, Clovis Volpe, o interesse dos produtores brasileiros é manter a tarifa e até mesmo aumentá-la.

Safra 2018/19

Para o presidente nacional, além das fraudes de importação, o excesso de alho no mundo e a redução do consumo nacional, devido à perda do poder de compra dos consumidores por conta do cenário político e econômico do Brasil, provocou a baixa de preço e a dificuldade de venda de alho no mercado. De acordo com os dados registrados pela ANAPA, no ano passado houve redução de consumo de 1,50 milhão de caixas de alho. O brasileiro que até 2016 consumia 300 mil toneladas de alho por ano, diminui o consumo para 285 mil toneladas.

Produtores mineiros de alho, em Santa Juliana

Corsino lembrou que mesmo com a concorrência internacional, o Brasil ocupa a 4ª posição quando o assunto é produtividade de alho. Hoje o Brasil é responsável por abastecer 44% do mercado interno.

Para o presidente da ANAPA, o grande entrave para os produtores de alho é o custo de produção, que está em torno de R$ 90 mil reais, a serem gastos com alho-semente, mão de obra, encargos, serviços mecânicos, embalagens, fertilizantes, defensivos e outras despesas.

Rafael Corsino observou ainda que mesmo com a redução do preço FOB da China, o gigante asiático deve manter a área de plantio para esta safra, enquanto a Espanha, outro concorrente de alho do Brasil, já sinalizou uma pequena diminuição de área.