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Influência da temperatura e do fotoperíodo na formação de escleródios

11 de maio de 2017

Pesquisas relacionadas à podridão branca no Brasil ainda são escassas, para tanto, o conhecimento da biologia do patógeno é de grande importância para compreender o desenvolvimento da doença no campo e o seu manejo. Diante disso, este trabalho teve como objetivo avaliar, em condições in vitro, a influência da temperatura e do fotoperíodo na formação de escleródios de S. cepivorum.

O trabalho foi realizado no Laboratório de Microbiologia e Fitopatologia do Instituto Federal Catarinense – IFC/Campus Rio do Sul e o experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições em cada tratamento.

O inóculo de S. cepivorum foi obtido a partir de micélio e escleródios em placas de Petri contendo meio de cultura BDA (Batata-Dextrose-Ágar) preservado em geladeira (±4°C). Discos de micélio com 09 mm de diâmetro foram removidos dessas placas e inoculados no centro de placas de Petri com 8 cm de diâmetro contendo uma fina camada de meio de cultura BDA e incubados em câmera de germinação do tipo B.O.D. (Demanda Biológica de Oxigênio) a uma temperatura de 18°C e fotoperíodo de 12 horas durante seis dias para crescimento do micélio.

Após isso, as placas foram incubadas nas temperaturas de 5, 10, 15, 20, 25, e 30°C (±1°C) e fotoperíodo de 12 horas luz. Devido à desuniformidade de formação de escleródio na placa, a cada dia era demarcada uma área com 9 mm de diâmetro com um furador de rolha em um ponto de maior concentração visual de escleródios, até o momento que em um dos tratamentos o número de escleródios não diferisse entre os dias, o que ocorreu aos sete dias de incubação.

Os escleródios completamente formados de coloração negra eram contados visualmente com auxílio de microscópio estereoscópico com 50 vezes de aumento.

A partir da obtenção da temperatura ótima de desenvolvimento, repetiu-se o ensaio seguindo a mesma metodologia acima, incubando-se a 21°C com fotoperíodos de 0, 6, 12, 18 e 24 horas, a fim de avaliar o fotoperíodo favorável à formação dos escleródios.

 Os dados foram submetidos à análise de regressão e estatisticamente pela análise de variância por F, e significativos por Tukey 5%. Devido a não ter formado escleródio em 5, 10 e 30°C e ao baixo ajuste da curva de regressão, essas temperaturas foram excluídas, evidenciando que temperaturas extremas não são favoráveis à formação de escleródios.

Verificou-se que a temperatura influenciou na formação dos escleródios, tendo apresentado melhor desenvolvimento entre as temperaturas de 20 e 25°C, em que foram formados uma média de 109 e 65 escleródios, respectivamente, mas que nessas temperaturas não diferiram estatisticamente entre si por Tukey (5%).

Utilizando a equação gerada pela curva (y =-2,76x²+115,4x–1095, R²=0,992) obtém-se a temperatura ideal de 21°C para a formação de escleródios de S. cepivorum.

A temperatura da formação de escleródio no presente trabalho é acima de 18°C encontrada no desenvolvimento micelial do patógeno por Xavier.Com base na melhor temperatura (20°C), a formação diária dos escleródios foi representada por y=29,22x-103,4 (R²=0,908), que ocorreu a partir do quarto dia de incubação.

Verificou-se que o fotoperíodo mais favorável ao desenvolvimento é de 18 horas de luz com 188 escleródios encontrados, quando comparado com 12 horas de luz, que obteve apenas 138, porém,é pouco expressiva a diferença do fotoperíodo ao se comparar a temperatura.

As informações obtidas em relação à temperatura e ao fotoperíodo na formação de escleródios de S. cepivorum permitem um maior conhecimento da biologia do agente causal da podridão branca do alho e da cebola, auxiliando no entendimento da epidemiologia e suporte no manejo da doença no campo.

figura1

Figura 1. Curva do número de escleródios formados in vitro de Sclerotiumcepivorum em diferentes temperaturas (A) e fotoperíodos (B). Médias de temperatura (A) de mesma letra não diferem entre si por Tukey 5%. ns – não significativo pelo teste F em relação ao fotoperíodo (B). IFC/Campus Rio do Sul, 2016.

Fonte: Campo e Negócio.

Artigo escrito por: Leandro Luiz Marcuzzo, Fitopatologista e professor do Instituto Federal Catarinense (IFC) – campus de Rio do Sul